Porre infernal da fé
Minha fé nunca aprendeu o be-a-bá,
é fagulha sem chama, nó sem folga
não sabe o que quer da vida.
Mesmo assim tem sangue fuçando suas veias,
mesmo assim deve estar na minha partitura de vida,
em algum lugar que ainda não sei.
Minha fé é trêmula, afoita por respirar,
vive buscando o fio da sua meada,
ou alguma pista das suas asas.
Minha fé é surrada, meio canastrona, mambembe,
não diz coisa com coisa,
parece que encheu a cara num porre infernal.
Minha fé se esconde num matagal de dúvidas,
tem falhas de memória, desvios de comportamento,
não é pródiga na gratidão, nem no perdão.
Pouco sei das suas amarras,
pouco entendo dos seus atalhos,
pouco compartilho dos seus recheios.
Mesmo assim não jogo fora,
nem maldigo quando o barco afunda
ou falta pão na mesa.
Mesmo assim não destroço com o pé
nem cuspo em cima rindo à toa.
Mesmo assim espero um dia
que me abraçará sem pressa
pra dizer estou aqui.
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