deserto de mim mesmo

a ferida

a ferir

a arder

a urgir

a ecoar

a escorrer

por entre as paredes

secretas e sagradas

de mim

vozes caladas

perdidas por entre paredes

por entre palavras azedas

bolorentas, sem cheiros,

fixas nos corredores enferrujados

nos porões libertinos

por entre correntes

e cadeados alados

perdidos na escuridão

a encardir

aquele porvir

anêmico

sem afeto

deserto de mim

mesmo

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 28/08/2015
Reeditado em 29/08/2015
Código do texto: T5362846
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