deserto de mim mesmo
a ferida
a ferir
a arder
a urgir
a ecoar
a escorrer
por entre as paredes
secretas e sagradas
de mim
vozes caladas
perdidas por entre paredes
por entre palavras azedas
bolorentas, sem cheiros,
fixas nos corredores enferrujados
nos porões libertinos
por entre correntes
e cadeados alados
perdidos na escuridão
a encardir
aquele porvir
anêmico
sem afeto
deserto de mim
mesmo