"Não É Nada"
No momento triste ou quase eterno
De se abrir os olhos e ver
Que a tempestade não passou
O desamparo continua
A tristeza ainda grita junto à dor
Querer já não basta
Pois a solução agora tarda
Dói na mente, dói no corpo
Ser ouro mas insistir
Em sorrir como se fosse prata
O ar parece árduo
Os batimentos até caçoam
Beleza no simples nem percebe
O cinza permanece
Nada mais tem constância
Pouco lembra antigamente
E o antigamente já se foi
Não volta mais, mas o pior continuou
O momento se torna peso .
Qual a vantagem de se sentir nada
Mesmo sendo muito,
Porém com o descaso próprio
De ser cego para si ?
Olhar para trás piora tudo
Olhar para frente não adianta tanto
O esconderijo deixa de ajudar
Os cantos parecem armas a apontar
Na direção errada que parece certa
Nem as nuvens do céu
Ou a lembrança de flores vivas
São boas recordações .
Cachos, semelhança , ajuda ou voz
Soam como chance até incerta
Ou talvez como atalho
De quem busca se livrar
Do que para si é desamparo.
Que sentido eu pus
No caminho que escolhi
Tudo parecia certo
Mas agora parece errado
Quem sabe palavras não dirão
Quais respostas quer
O que chamo de razão.