A casa é sua!
...
A casa lá do fim da rua
aquela rua sem saída
onde mora o poeta...
parece livro aberto
com as folhas cantando
tem cheiro de novidade
a porta convida a entrar
parece se agradar de gente
a casa em si não é bela
a pintura têm histórias
em seus descascados de tinta
....aquela próxima a calçada
foi o menino com os dedos
achou bom retirar a cobertura
da parede e deixá-la natural
com olor de terra molhada
e aí veio os cutucões da vassoura,
dos móveis, do guidão da bicicleta,
enfim...
o telhado bem chapiscado de bolor,
quando chove, não guarda os moradores
da chuva e alguns pingos descem
quicando no balde já atento
como dizia, a casa gosta de gente
entram pernas apressadas
e saem leves, diria um pouco
dançantes...sem pressa
e há dias que o poeta
senta-se na soleira da porta
e fica esquecido do tempo
às vezes parece esperar alguém
a procurar algo, a se deixar paisagem
há solidão, há amor, há misturas
de emoções em se olhar o poeta
enquanto este suspira e olha o céu
parece sentir saudade...
a casa do fim da rua
não é a mais bela de fato,
mas todos chegam a ela
e acabam sendo convencidas
a entrar...vamos!