Descanso poético
Tem épocas que são assim mesmo, de total desolação,
sem clima, sem ideias, como uma hibernação poética,
uma greve das letras, o pensar se esconde em rebelião,
e a palavra que não se mostra, outrora era tão frenética.
Descansa então o poeta, sossega a caneta, vira leitor,
procura nos grandes mestres acordar a doce inspiração,
talvez seja só tristeza, quem sabe uma musa, um Amor,
só me resta então esperar, paciência, reciclar o coração.
Mas como sofro nessa espera por minha amiga poesia,
talvez ela também até sofra, mas aceita resignada,
mesmo que essa separação afete tanto minha alegria,
tenho certeza que ainda não é o fim dessa jornada.
Nesse triste ocaso poético, vivo um tanto sem destino,
e toda beleza que sempre via, hoje já não me fascina,
e onde andará, me digam, a alma daquele menino,
que cresceu pensando ser poeta, jamais quis outra sina!