Ventanias
Relicário
Na primeira gaveta do armário
no relicário de todos os meus pertences,
guardo um caixa de afetos permanentes,
predileto,
como por excelência.
Um outro embrulho
de conteúdo semelhante,
a prata de um quarto-minguante,
um poema do Pessoa,
e um terço.
E por debaixo da sutil e pessoal riqueza
respaldo a insistência e a firmeza
com que sempre apostei na tua vinda:
Guardo uma tolha de mesa, sem uso,
e um lençol, muito branco, de linho.
Olga Maria Scuoteguazza
Do belíssimo livro, "Ensaios de Foyer"
Ventanias
Quando chegares não digas nada
Os meus olhares te dirão tudo
Nosso silêncio vai pernoitar
E aos teus braços vou pertencer...
Serei eterno como tu querias
Encontrar um dia que durasse pouco
Mas que fosse tanto, que depois morrer
Aconteceria sem se perceber.
Lá fora o vento forte
Assobia se espreguiçando
Derruba os galhos secos
E algumas flores desabrochando...
Te lembras de flores do campo
Quando pensares o que és pra mim
Que eu guardo do perfume o cheiro
E as ventanias das noites sem fim...
Já é tarde, levas meu pranto
Que esse soluço sufoca a dor
Não digo adeus, é covardia,
Até mais tarde, até um dia.
Tony Bahi@.