AUSÊNCIA EM MINHA PRESENÇA - 1998

Olhei para trás

e vomitei

toda minha fúria

com rancor entre minh'alma

destinada à morte

por simplesmente

ter o sopro da vida

Entre ânsias trancafiadas

em meu estomago

ficou-me visível

diante dos olhos alheios

Amei vê-la ali

naquele exato momento

a derrota

despida e desprezada

numa esquina qualquer

Por meus lábios em frangalhos

derramei todo o meu tédio

minha chatice

meu mau humor

saíste das minhas vísceras

sem ao menos deixar-me

respirar por um instante

a contabilizar

o tique-taque do meu relógio

Vi-me nua

ausente

tal qual

um ser inexistente

Não vi sexo

fui sem nome

um andarilha perdida

a chorar decepções

Quando do apogeu

Gritei!

Chorei!

Berrei!

Até o último suspiro, suspirei

Sem resposta do destino incerto

ergui minha cabeça

olhei para o céu

Vi-me só

na lama

de pés descalços

entrelaçados na areia de minha angustia

que cobre meu corpo como cobertor

Odeio-me por covardia de não ser hipócrita

Amo-me por ousadia de ser autentica

Durmo na ausência

que fizera-me

distante da minha presença.

Fany Caruso
Enviado por Fany Caruso em 23/08/2015
Código do texto: T5356711
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.