AUSÊNCIA EM MINHA PRESENÇA - 1998
Olhei para trás
e vomitei
toda minha fúria
com rancor entre minh'alma
destinada à morte
por simplesmente
ter o sopro da vida
Entre ânsias trancafiadas
em meu estomago
ficou-me visível
diante dos olhos alheios
Amei vê-la ali
naquele exato momento
a derrota
despida e desprezada
numa esquina qualquer
Por meus lábios em frangalhos
derramei todo o meu tédio
minha chatice
meu mau humor
saíste das minhas vísceras
sem ao menos deixar-me
respirar por um instante
a contabilizar
o tique-taque do meu relógio
Vi-me nua
ausente
tal qual
um ser inexistente
Não vi sexo
fui sem nome
um andarilha perdida
a chorar decepções
Quando do apogeu
Gritei!
Chorei!
Berrei!
Até o último suspiro, suspirei
Sem resposta do destino incerto
ergui minha cabeça
olhei para o céu
Vi-me só
na lama
de pés descalços
entrelaçados na areia de minha angustia
que cobre meu corpo como cobertor
Odeio-me por covardia de não ser hipócrita
Amo-me por ousadia de ser autentica
Durmo na ausência
que fizera-me
distante da minha presença.