Eu queria que as noites de domingo
Precipício por sobre a escravidão
Fossem amenas como a lua cheia
E tanto quanto o satélite alvissímo
Fossem fontes de inspiração...

Mas eu em nada sou oposto
À depressão secular das multidões...
Noites de domingo são como gritos
Surdos
Contra o mundo de então.

Elas nos roubam o ócio feliz
Relembram-nos as dores do trabalho
Os dias em que servimos
A quem não nos serve...

Negado o doce paladar do vinho
Entregues estamos ao borralho...
Somos todos borralheiros gatos
               (ou gatas, pois a dor não tem sexo)
Apagados e disformes
Sobra-nos as migalhas e os restos.

A lua cheia em noite de domingo
É feito olhar de coruja
Não inspira e nem salva
Mas convoca
Todo um exército de bruxas.

Vou cravar no sono
Louvar a inconsciência
Que doí bem menos que um poema...

Au revoir, domingo memorável
Que me fez gente em carne e sonho
Que me deu os beijos do meu filho
Inocência e amor.