por entre os dedos da covardia
o teu silencio
esmaga o estômago
rechaça a espinha dorsal
com a aspereza
salobra dos dias
que fingem passar
como as nuvens congeladas
das madrugadas frias
testemunhas fiéis
das divindades
orgíacas e pagãs
embriagadas pelo vício
de beber poesia
na agonia enlatada
e que se esguia
e se esquiva
por entre os dedos
da covardia
mórbida
como morada solta e absoluta
como os negrumes
obtusos, oclusos
sem vieses
sem margens
sem as silhuetas
dos destinos
e das sinas