por entre os dedos da covardia

o teu silencio

esmaga o estômago

rechaça a espinha dorsal

com a aspereza

salobra dos dias

que fingem passar

como as nuvens congeladas

das madrugadas frias

testemunhas fiéis

das divindades

orgíacas e pagãs

embriagadas pelo vício

de beber poesia

na agonia enlatada

e que se esguia

e se esquiva

por entre os dedos

da covardia

mórbida

como morada solta e absoluta

como os negrumes

obtusos, oclusos

sem vieses

sem margens

sem as silhuetas

dos destinos

e das sinas

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 23/08/2015
Código do texto: T5355870
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