A PRAÇA DA MATRIZ
Francisco de Paula Melo Aguiar
Os adolescentes logo depois.
Das novenas e das missas.
Reuniam-se na praça da matriz.
Uns de braços dados, sonhando com o futuro...
Aos beijos, abraços e ais.
A quebra¹ resguardo tocava no coreto.
Era o entre e sai da juventude...
Do Cinema Avenida.
O arvoredo cobria a Praça.
E o povo sorria de graça.
O palanque meia-lua.
De arquitetura deslumbrante.
Palco de Nelson Gonçalves.
De Luiz Gonzaga e de Ébano.
Tribuna da política local e nacional.
No centro da praça, o Caramanchão²
Recepcionando os bancos toscos.
A banca de revista e seus freqüentadores.
Os lustradores de sapatos.
Registro vivo de nossa sociedade.
De hora em hora.
O apitar da Fábrica Tibiri.
Das usinas e engenhos.
A noite ia impondo o silêncio...
E a lua iniciava seu clarão.
Até amanhã amigos.
Abraços juvenis, afagos...
Apertos de mãos e sorrisos.
O despertar do sexo e fôlego curto.
Os jovens iam dormir sonhando com a amada.
O desejo do corpo a corpo...
Razão e sonho de futuro...
Ficava para depois do casamento...
E amanhã fazer tudo outra vez.
Cama só depois do juramento...
E assim as estações do ano...
Foram passando...
E a juventude também...
O passado não pede passagem...
Para voltar aquele tempo...
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¹ Quebra resguardo era o nome dado pelo povo a Filarmônica Municipal São José.
² Construção de quadrangular de colunas duplas em suas extremidades no estilo arquitetônico, semelhantes aos pilares romanos, edificada em parques e/ou jardins, de cimento armado e/ou de madeira, coberto de vegetação, local usado para descanso e ou recreação; e o mesmo que caramanchel.