Voar
Ah! Vontade de escancarar portas,
irromper fremente na distância,
tornar constante a inconstância.
As mãos levantam voo como as borboletas,
e o poema acaricia-me os cabelos,
desgrenhados por um vento
que parou de soprar.
Voar, voar, voar,
esse antigo desejo humano.
Um dia desato os cadarços,
descalço os sapatos
e vou ter pés
de águia.
Que se abram as asas,
numa envergadura solene de pássaro:
soltei os desejos flanando por entre os astros.