Canto Aos Esquecidos.
A turbulência complexa do meu ser.
Inexorável âmago.
Intermitente diante de questões inexistentes.
Seria todo eu algo que não sou?.
Lapidei a mãos calejadas meu interior,
E a manta divina que o cobre.
Não terei teu ínfimo juramento,
Tornando-me incerto das certezas que tenho.
Mesmo jazendo sentimentos insípidos,
Que se expelem da natureza do meu ser.
Terei mesmo diante de angústia profunda,
A única certeza que me faz viver.
Morrerei pelos sonhos mortos,
Dos que nem puderam ver o dia nascer,
Morrerei pelos gritos ocultos,
Dos que nada puderam dizer,
E nessas dores eternas que cobrem o mundo
Farei-me padecer.
Pois não tão pobre e vil homem,
Que cuja a dor não tenha fome
De arder e arder até tornar-se chama,
Até o consumir e o esquecer.
Tal dor nenhuma deve ser esquecida,
Pois viverei por mais mil vidas,
Por todos aqueles esquecidos
Que mesmo vivos,
Já estavam a morrer.