SOMENTE EU VIVI
Quando não me vir a olhar as estrelas
e deixar de ouvir os gritos silentes da noite
e o silencio flagelar os meus dias
igual ao pássaro que perde seu canto...
Quando mais nada houver
e somente restar o clarão da lua,
vagando no negro céu,
a bailar solitário no infinito...
E minh’alma implorar por vida
assim, como a luz da lua se apagar...
Não existirá mais passado ou futuro
somente o hoje a nos presentear.
O espelho límpido mostrará
uma vasta cabeleira gris
como neve, brilhante, a escorrer
por sobre seus ombros já curvos
com o peso dos anos idos...
Restarão somente lembranças
da felicidade que não houve.
Porque fui me apaixonar
por paixões que não eram minhas...
O frio espelho hoje mostra
que todos amores que sonhei
não eram os mesmos que os seus.
Somente valeu a pena,
por ter vivido este amar
sem medo do amanhecer...
Eu, somente eu vivi!
Luis Carlos Mordegane