VOZES DE GELATINA

Lembranças são amas insanas

que nunca viram perdão

nem soltam seu ferrolho.

Lembranças tonteiam, fazem a alma debutar,

agonizam cada vão do medo sem dó.

São vozes de gelatina,

são suores que vêm e vão sem pressa,

pra deixar o corpo menos órfão

e a dor menos aflita.

Nossas lembranças se dizem inócuas,

ou loucas por certo,

se fazem mansas, se mostram caladas,

sem ter nada a ver om tudo isso.

Suas garras nada amenas dizem tô aqui,

como leques que fazem o vento rodar a baiana,

como pimenta nos olhos de um bebê,

como tiro bem no meio da fuça dos céus.

Lembranças destronam, desafinam, desmamam,

fazem o sangue ressuscitar,

deixam o gostoso com cara de quero mais.

Lembrar nos devolve o hálito lindo da paixão

faz cada passo ser luz de novo

faz os gritos rasgarem suas mordaças

faz as emoções perderem seus lacres

faz nossos tumores se mandarem de vez.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 21/08/2015
Código do texto: T5353775
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