Mareado
Mareado senti-me no teu oceano,
no tempestuoso mar de tua vida.
E tão logo percebi o meu engano
e que era uma viagem só de ida
tentei procrastinar ato tão insano.
Tarde demais! Teu corpo invadira
o meu sem cerimônia ou piedade.
Das minhas veias, por onde fluíra
o sangue fulgurante da mocidade,
a exceção do teu, tudo se evadira.
Passou-se o tempo e mais agitado
continuou o mar. Marolas e ondas
atravessam-nos à frente, ao largo.
E eu, desorientado entre as vagas,
ressinto-me, eternamente mareado.