A NOITE

A noite é clara evidência

De coisas cansadas,

De pessoas cansadas,

De casas adormecidas

E de ânsias arrefecidas

Na solidez das horas diurnas

Que devastam campos

E imprimem às lavouras ilusórias

O tempo certo de revolver esperanças

Plantadas no desmantelo do tempo.

É da noite o recompor-se,

O relaxar a vigília do corpo

E ascender as luzes da alma.

É quando as trevas revelam

A fragilidade e o medo humanos.

Sabe-se lá, Deus, o que se espera

Quando do romper da aurora

Que desperta os Sísifos viventes

Para (re)galgarem o arco do dia

Suspenso em cordas laceradas

Por parcas possibilidades.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 18/08/2015
Código do texto: T5351110
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