ANOITECEU

Anoiteceu — aqui, neste quarto-sepulcro

Onde as horas se tornaram incontáveis

Das sombras, espreitam seres detestáveis

Que vêm perturbar-me aos vultos

E eu, que não passo de um ímpio sobre o firmamento

Amargo o limbo das noites murmurantes

De olhos fechados e respiração ofegante

Amaldiçoo a noite e cada espírito agourento

Um furor sombrio ora me invade o peito

Sinto lâminas que me dilacera a alma

Já não tenho medo, já não tenho calma

Pago em vida por tudo que tenho feito

Condenado à triste e torturante insônia

Sem poder ao menos aca(l)mar o corpo

Sou homem vivo, ao mesmo tempo morto

De lágrimas fáceis: lágrima-acrimônia.

Girotto Brito
Enviado por Girotto Brito em 18/08/2015
Código do texto: T5350466
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