Cárceres
Vivi na redoma azul do céu, na atmosfera,
Condicionado ao ar rarefeito, meu defeito.
Vivi lento os segundos, a tortura da espera,
O teor da bula da doença, a tosse no peito.
Vivi nos tecidos da carne da língua mordida,
Amortizado, anestesiado em gosma e saliva.
Vivi no acalanto da prece fria, interrompida,
Demonizado, acariciado pela canção nociva.
Vivi dentro do vidro verde e numa ampola,
Encarcerado na transparência e nos limites.
Vivi tempo e meio preso no vazio da argola,
No quarto final a morte mandou os convites.
Vivi na redoma azul do céu, na atmosfera,
Condicionado ao ar rarefeito, meu defeito.
Vivi lento os segundos, a tortura da espera,
O teor da bula da doença, a tosse no peito.
Vivi nos tecidos da carne da língua mordida,
Amortizado, anestesiado em gosma e saliva.
Vivi no acalanto da prece fria, interrompida,
Demonizado, acariciado pela canção nociva.
Vivi dentro do vidro verde e numa ampola,
Encarcerado na transparência e nos limites.
Vivi tempo e meio preso no vazio da argola,
No quarto final a morte mandou os convites.