ONDE NÃO HÁ "LÓTUS"

ONDE NÃO HÁ “LÓTUS”

Em posse da terra

os andarilhos jaziam

carentes nas possas

guardadas dos dias

em nada vinha

vinha seca

cerca martíria

marte onde está a terra

rio vermelho

poeira sombra algoz

enxada perdida

intocada ferrugem

rugas do tempo

mãos em reza

grossas virtudes pensavam

Deus pode tudo

pode o mundo

ter um pedaço sem nada

saudade cobre lágrimas

salgadas gotas

lábios de poucas

palavras sofridas

chuva bendita

covarde nuvem voando

olhando ao alto

flutua névoa gelada

desejo de pássaro

descobre inferno

lá embaixo

quando sonha

estar lá em cima

se a morte enterra-me

a palmos de pesar

na ferida reinante infértil

longos anos

sonharei anjos no fértil

oceano que voa

e passa anos

sem dizer olá

cá onde estamos.