NOITADAS FELLINIANAS
Aos meus touros rebeldes,
que fazem o gelo depor suas leis
que fazem da emoção um delicioso pão-de-ló.
Neles me relampejo desnudo.
nem intenções sinuosas ou bandidas,
como quando cheguei aqui certo dia,
lembro bem de cada quinhão que se fez réu,
e até rei.
São fardos leves, dá pra levar na boa
às vezes um tanto azedos, um tanto mudos,
mas por certo lépidos e profundamente encantadores.
Nestes touros doces disseco os quindins da alma
faço o que é certo deglutir,
faço o que é certo pra corrigir seu show
faço o que é certo pra esquecer meus donos.
São coroinhas atônitos por um gole de gim
esquisitos nos modos de se fazer vivo,
ou surrado, vai saber.
Sinto nas suas penas um cansaço que dá saudade,
gosto de poder abraçar cada flanco da sua inflamação,
gosto de entender o que diz, o que é, os motins que vai aprontar
mas quase sempre tudo vira quitanda felliniana.
e assim tudo ancora na ranhura da paz.
Daquelas noitadas que dá medo arrumar a bagunça,
daquelas vagabundas que não vale a pena limpar,
nem tampouco trazer pra casa,
apenas para ter nos braços quando a dor de parto se enfurecer,
vou fincar o pé pra me fazer atracar em mim mesmo
e assim retrazer à vida o melhor que sempre houve
esquecido em algum canto empoeirado do meu coração
que de fato nunca cortejei, nem ao menos esqueci,
os tantos tempos de náufrago que teria a cumprir.
até tudo dizer tchau de uma vez pra sempre.
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