as linhas retam não perfumam

as linhas retas não perfumam

não estercam florescimentos

lirios não se inundam

nos seus cômodos

oriundos dos estrumes desseminais

das infertilidades agudas

como os gritos sem ecos

e ocos como as cercas que se inundam de equívocos

tortos e subnutridos

as linhas retas são os descasos das despoesias

heréticas sem heresias

as linhas retas padecem como o viço dos úberes que gestam silencios anti poéticos desérticos

como os moinhos corróidos pelas ferrugens

insossas

devastadas pelos

acasos duvidosos

da maciez arenosa

da estupidez que constrói barbaries

as linhas retas não geram sonhos

e sem cores vindouras

e sem alicerces

nos cheiros das tardes

grávidas e entorpecidas

pelos vínculos loucos

inundados pela alegria

do poder ser poesia

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 14/08/2015
Código do texto: T5346512
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