"EIS O COLO DA DIVA" Poema de: Flávio Cavalcante
EIS O COLO DA DIVA
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Eis o colo que outrora adormeceu
Encolhido no seu manto protetor
Eis o leite que nos seios ninguém bebeu
Jogado, espirrado e derramado a rigor
II
Eis a dor de dar à luz ao teu fruto
Nove meses esteve em teu ventre
Eis a dor da podridão do amado ente
Que não agradece e vive no furto
III
Eis o colo do teu útero agredido
Pelo verme da mãe que o pariu
És aquele que nem deveria ter nascido
Uma bala no peito ainda não o atingiu
IV
Eis a dor de ter criado uma aberração
Sofres por ser mãe e mulher Santa
Por causa desse lixo em putrefação
Tens o choro ainda preso na garganta
V
Eis que aceitas o marginal sem diretriz
Teu colo é sagrado e teu amor é eterno
Diva larga de mão este filho da meretriz
Lugar de malfeitor e morto e no inferno