Olhos...
essas bocas meninas
a nos denunciar a toda hora.
Olhos...
estas órbitas coloridas
que se perdem
entre o negro e o branco
e nunca, jamais,
em cinzas.
Olhos...
Fontes cristalinas, seios venosos,
armários de chaves pestanejas
habitar ventral córneo de
verdades absolutas
redondas,
em meio a esclera opalina,
que sorvemos no cálice óptico;
que não espelham só o mundo,
epitélio prismático,
mas, as almas retidas
nos cubos e invaginações
dessas duas gêmeas meninas.
Ilustração: Gustav Klimt - Detalhe do quadro Serpentes - 1904.