Outro tempo
Saudade do tempo em que fachos de luz
atravessavam as nuvens e estouravam
estrelinhas de fogos de artifício no peito.
O tempo da vida não cabe nas linhas do poema.
O tempo é irreversível
e os mistérios se esvaem em suas horas.
Mas no fundo do coração ainda palpita
o tremular das emoções de memórias redivivas.
Há que se escavá-las para sentir o real da vida,
que não está no passado, no futuro, nem nas fantasias.
O real da vida está no presente sempre fugaz,
que escorre entre os dedos como água corrente,
que não se retém e transborda as palmas fechadas.
A realidade é transitória em essência.
É preciso ser transeunte na existência.