ESSÊNCIA-MÃE
Ser feliz é sentir o gosto o chão, a textura do sonho, a voz infinita
da alma.
É reaprender a dividir, a ouvir, a enxergar, a servir, a aninhar.
É ser capaz de ver o outro com calma, com ternura, com gratidão, com paixão.
Ser feliz é admitir uma pisada na bola sem sofrer, sem dar desculpa,
sem pedir troco, sem emburrar, sem fechar a cara.
É poder olhar para trás e ver o tempo de costas com todas suas
raízes e achar bom, bom mesmo.
Ser feliz é reaprender a traduzir o que não foi dito,
buscando nas emoções sua essência-mãe.
É ter prazer para agradecer por tudo: pelos sonhos, pelos engasgos,
pelas cicatrizes, pelas rugas, pelas noites sem paz, pela dor que parecia
não se cansar nunca, pela fé que se dizia rouca e não passava de migalha.
Ser feliz é ter lugar para descansar, para comer, para amar, para morrer.
Ser feliz é coisa simples, frugal, moleza de conseguir.
É só reaprender a ser gente, como um dia todos fomos,
por incrível quer possa parecer.
E seguir em frente nesta barca até o fim da trilha.
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