O poema quer a lucidez da natureza
Enquanto a suprema corte
adia julgar o porte e uso de drogas
O poema tem urgência
de usar e portar palavras
neste corte supremo com a suposta autoridade do real.
O poema quer transgredir a língua
revolver os mitos
desconstruir a história
e desabitar a violência
da chuva que só se diz molhada.
O poema quer chuva de luz
Fumaça de sons
E o interior das palavras
vestido de folhas que,
ao cairem,
no trânsito das estações,
possam adubar o papel.
Sim, o poema quer a lucidez
da natureza!