LUA CONSTRANGIDA
Redescobrir o cheiro da pele
o gosto do tempo
a textura da paixão.
Se rever vivo, crivado de sonhos,
aquecido nos vão da alma.
Se ecoar guerreiro, com tetas carnudas,
debandando como sempre se quis.
Fazer silêncio sem pressa,
descamar cada fardo de medo,
entender cada osso da fé.
Ser capaz de cerzir, esperar, parir.
Ter nas mãos as rédeas da alegria
e caminhar sem olhar para trás.
Amar sem rebite, sem cabresto,
simplesmente amar.
Envelhecer com os acordes dos céus
até que num dia, com a lua ainda constrangida
largar tudo do jeito que está,
parar de gotejar, parar de ir e vir.
Então terá o fim,
então será raiz de novo,
para redescobrir novos véus,
novas trincheiras, nova fagulha,
novo o que bem assim desejar.
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