Homo ex machina
O espaço acima da história,
a velocidade acima do tempo,
o ímpeto acima da memória.
Um corpo morto já não é gente.
Um corpo é, agora,
inenarravelmente apenas um corpo morto;
apenas um morto,
apenas um corpo,
apenas um pedaço de silêncio nos trilhos,
um negrume, um bloqueio
no que está sempre livre
para o ranger de dentes do tempo.
Um corpo morto esteve nos trilhos
sem nome ou expressão de fome.
Um corpo existiu nos trilhos trincados
até ser dilacerado
pela supremacia da máquina.
Um corpo esteve nos trilhos
até ser moído
pela supremacia do homem
sendo menos homem
e mais máquina.