Retorno

Não é de hoje que escrevo, sempre tive afinidade com a caneta

Acredito que antes mesmo de saber o que estava escrevendo

Já ousava me aventurar pelo mundo encantado das palavras

Narrando histórias que nem sempre sabia quem as estava vivendo.

Escrevia pelo prazer de ver o papel branco ganhar vida pouco a pouco

Ver-lhe chegar cor e personalidade, carregá-lo de sensações e movimento

Impregnava aquela brancura intocada com suor ou mesmo lágrimas

Enchia-me os olhos ver aquele papel alvo cheio de vidas e sentimento.

Hoje eu parei para me reler, encontrei logo cedo meu “caderno de poesia”

Quantas histórias, quantas vidas aprisionadas naquelas páginas velhas

Muitas lembranças ali descritas com tanto vigor nem eram minhas

Mas cada sentimento, cada grito escrito, e as marcas de lágrimas sinceras.

Quem pode afirmar de fato que não vivi cada história daquela?

Sabe-se lá quantas vidas eu tive, tem muito mistério por traz do viver

Viver é bom demais para ser apenas uma vez e acabar para sempre

Nascer, passar a vida lutando pra sobreviver e de repente morrer?

Não sei, sei que hoje senti saudade de marcar essas páginas alvas

De deixar meu nome escrito em algum lugar para ser lembrada

Dizem que quando morremos ficamos ainda a “viver” enquanto lembrados

E depois de esquecidos por todos aí sim nossa história é apagada.

Não sei o porquê tanto medo de ser esquecida, de virar cinzas

Penso que La Muerte deve ser uma bela mulher de feição carinhosa

Que nos envolve em seus braços e nos leva por um caminho colorido

Cheio de pessoas risonhas para que nossa partida não seja tão dolorosa.

Mas deixemos de lado essa história de morte por enquanto

Pois ainda há tantas vidas nos esperando para serem contadas

Que eu tenha muito anos de vida e vontade de voltar a escrever

Pois a última fábula que contei não tem a data registrada.

E que venham agora estórias de amor, alegria, sucesso e quiçá paz

Com carinhas infantis e sorrisos melosos cheios de dengo de criança

Já foram tantos enredos de dor, desespero e descrenças narrados por mim

Que agora quero olhar o mundo com o olhar carregado de esperança.

Hoje voltei a manchar a página de brancura impecável

Com as lágrimas de quem acredita em novos dias, dias de emoção

Troquemos agora os castelos de areia por casinhas brancas de varanda

Torcendo para que nossos dias lindos de SOL não sejam de SOLidão.

09/08/2015

Patricia Teixeira
Enviado por Patricia Teixeira em 09/08/2015
Código do texto: T5340534
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