A CATÉDRA DO MERIDIANO - O que o vento escreve
A CÁTEDRA DO MERIDIANO
O que o vento escreve
O espetáculo das teias
sobre todo passado
descobre um futuro pretendido
quer sair das teias
como mosca coberta de morte
ainda por viva
sempre tentativa
de fugir do erro
pequeno deslize na entrada da vida
curta
a vida adulta
não quer dizer nada
brinquedos de senhoras
amargas
são adagas fincadas no coração
dos indomados
sente como odor
o perfume do liberto
que dia marcado pra ser
não deve acontecer
em outro momento
o tormento do não-ser
faz tudo parecer
fantasia de pele rubrada
de cinzas rugas
de um velho que caminha
na estrada
pedindo
que acendam as tochas
deixem que veja o limiar do trivial
descendo
quer abraçar
quer dançar sobre ele
quero ser ele
o velório empodera o diabo
ele tem o destino
de ser um menino
um homem lindo
um desejo aberto as ninfas
um santo vingado sorrindo
olhando seus pés
sendo lavados
como puro
como dever a seguir
pra seguir depois
que o escuro permanecer
mais tempo olhando
pra dentro
“o inferno é um relógio quebrado”!