Sem título
Gilberto Carvalho Pereira
Fortaleza, 31 de agosto de 2015
Ela entrou sem pedir licença.
Tomou conta de todo o espaço,
Silenciosa, de mansinho,
Iluminou faces escondidas,
Gente tristonha e infeliz.
Descobriu corpos em agonia,
Deixou desnuda a vergonha,
Sentimentos contidos,
Amor mal amado.
Revelou a miséria da cidade,
Escancarou a crueldade,
Sádicos e pervertidos,
Descortinou verdades e mentiras
Vontades reprimidas,
Paixões e sofrimentos,
Amarguras e desalentos,
Pobres ao relento.
Desvelou gente em desvario,
Bêbados e viciados,
Canalhas e homens vis.
Acalentou jovens namorados,
Alegrou amantes e amásios,
Festejou nascimentos,
Bem como casamentos,
Abriu caminho para a morte.
Foi-se como chegou,
Silenciosa e de mansinho,
Abrindo espaço ao novo dia.