Sangue empedrado

Não adianta martelar no vácuo,

nem querer fazer faísca atritando o vazio com o nada.

Não adianta teimar em ver o áspero como se fosse seda,

o pegajoso numa pele dócil e cortês.

Não adianta insistir em ter células férteis quando

seu olhar é impotente e nada fará enrijecer qualquer teco de pele.

Desista em teimar ser lépido quando seu sangue é

oco, empedrado e vil.

Chega de entortar a coluna para se fazer servil,

quando quem recebe sua bandeja será seu próprio carrasco,

que não faz outra coisa na vida

senão ficar afiando sua espada

e assim deixá-la sempre pronta

para dividir seu pescoço num golpe único, brilhante e triunfal.

camelomanco
Enviado por camelomanco em 07/08/2015
Código do texto: T5338553
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