Sangue empedrado
Não adianta martelar no vácuo,
nem querer fazer faísca atritando o vazio com o nada.
Não adianta teimar em ver o áspero como se fosse seda,
o pegajoso numa pele dócil e cortês.
Não adianta insistir em ter células férteis quando
seu olhar é impotente e nada fará enrijecer qualquer teco de pele.
Desista em teimar ser lépido quando seu sangue é
oco, empedrado e vil.
Chega de entortar a coluna para se fazer servil,
quando quem recebe sua bandeja será seu próprio carrasco,
que não faz outra coisa na vida
senão ficar afiando sua espada
e assim deixá-la sempre pronta
para dividir seu pescoço num golpe único, brilhante e triunfal.