Silêncio
Presente na ausência do som e
na mudez da palavra,
quando gesto e olhar têm voz.
Há silêncio no choro, na alegria e
na pálpebra que oculta a íris.
É comovente e solitário
na memória do retrato antigo;
dolorido na espera da resposta e
indefinido no mundo do surdo.
No deserto sem ruído,
é expansão fértil no oásis.
Na curva do céu,
é o risco luminoso
da estrela cadente.
Está na dança dos átomos e
na fonte dos versos;
na lágrima escondida e nas
sementes;
nos deuses e nas sombras;
no reflexo do espelho e
nos amarelos de
Van Gogh;
no feto que cresce e
no repouso da Fênix
nos ciclos do tempo.