ESTILHAÇO
Ser escritor é bárbaro
a gente consegue ver no escuro,
e podemos aninhar cada grão de areia.
Ser escritor traz outros corações batendo,
faz a gente virar camaleão sem fazer força.
Escritor é presente anônimo,
pode vir do colo de Deus,
ou do suor do demo.
Quem escreve tem anarquia nas veias,
dinamite na pele,
elástico na razão.
Brincar com as letras dá prazer sinfônico,
explica cada porão, cada orvalho, cada nó,
é flor, é degrau, é estilhaço, é sim.
Escrever dá golpe mortal no medo,
espatifa as cordas vocais do sonho,
afoga cada vão trêmulo que teimar em não dormir.
Quem escreve desentende suas pegadas,
desmama antes da hora,
faz o vento assustar a paixão.
Espero nunca esquecer estas rédeas benditas,
espero nunca enferrujar esta varanda perfumada,
espero nunca acordar longe deste chão.
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