O ARTISTA QUANDO JOVEM
O artista
quando jovem
não era artista
e disso não dava
nenhuma pista
Ainda era gente
gente vestida de arte
arte em coisa
Mas houve o dia
que descobriu
que além de pão e água
existia
pintura música prosa ciência arquitetura escultura
e poesia
mais um monte de coisa
chamada literatura
bem como que cultura
ia além do feijão com arroz
do dia a dia
Comeu disso tudo
um pouco de tudo
e a isso chamou
estudo
Virou dromedário ou camelo
pois não sabia contar corcovas de manteiga
também boi zebuíno
virou um obeso monstro
com um jeitão suíno
para acumular gordura
aumentar a energia
para gastar um dia
Leu muita coisa
viu alguns filmes
olhou muitos quadros
escutou muita música
desopilou os ouvidos
desanuviou os olhos
poluiu o cérebro
com as coisas do mundo
apurou o gosto
e o desgosto
que deixava sem querer
exposto
no rosto
de um artista quando jovem
Até que um dia sem muito esperar
ficou pronto
para tirar sua roupa de arte
e vestir outra
que é a de artista
não tão jovem
O artista quando jovem
era arte
arte de gente
que se faz ser vivente
mas agora
é artista
artista que arte joga
joga de dentro para fora
Arte que talvez vire alimento
para outro artista quando jovem
que acaso lhe escreva
pensando ser ele um Rilke ou James Joyce
pedindo conselhos
ou pensando ser ele o Manoel de Barros
pedindo para lhe ensinar
ensinar a ser coisa
coisa feita semente
semente de artista
artista quando jovem...
quando jovem
não era artista
e disso não dava
nenhuma pista
Ainda era gente
gente vestida de arte
arte em coisa
Mas houve o dia
que descobriu
que além de pão e água
existia
pintura música prosa ciência arquitetura escultura
e poesia
mais um monte de coisa
chamada literatura
bem como que cultura
ia além do feijão com arroz
do dia a dia
Comeu disso tudo
um pouco de tudo
e a isso chamou
estudo
Virou dromedário ou camelo
pois não sabia contar corcovas de manteiga
também boi zebuíno
virou um obeso monstro
com um jeitão suíno
para acumular gordura
aumentar a energia
para gastar um dia
Leu muita coisa
viu alguns filmes
olhou muitos quadros
escutou muita música
desopilou os ouvidos
desanuviou os olhos
poluiu o cérebro
com as coisas do mundo
apurou o gosto
e o desgosto
que deixava sem querer
exposto
no rosto
de um artista quando jovem
Até que um dia sem muito esperar
ficou pronto
para tirar sua roupa de arte
e vestir outra
que é a de artista
não tão jovem
O artista quando jovem
era arte
arte de gente
que se faz ser vivente
mas agora
é artista
artista que arte joga
joga de dentro para fora
Arte que talvez vire alimento
para outro artista quando jovem
que acaso lhe escreva
pensando ser ele um Rilke ou James Joyce
pedindo conselhos
ou pensando ser ele o Manoel de Barros
pedindo para lhe ensinar
ensinar a ser coisa
coisa feita semente
semente de artista
artista quando jovem...