Uma pessoa risonha
Eu queria ser uma pessoa bem risonha.
Risooonha...
Dentro da qual não coubesse nenhuma vergonha.
Vergooonha...
Mas cada um tem o seu jeitinho de resolver as coisas.
Que coisa...
Tanta coisa a se preocupar...
Tem hora que é melhor eu me ajeitar
Para parar de pensar bobagens.
Bobaaagens...
Quanta bobagem vem parar na minha cabeça!
Soltas, pirraças eclodem sem pedir licença.
E eu, aqui sozinho, de frangalhos até a nuca
fico sem nada para dar...
Drummond bem que me avisou
Essa incoerência não dá em nada.
Mesmo que tenha ampla filosofia
costumes de história e geografia
é bom sempre dar uns passinhos para trás...
Quem sabe assim
olhando a coisa de longe
mais ingenuamente
eu possa me dar ao luxo
de ter uma vida mais alegre
cheia de lembranças do Sr. Frederico
cheia de trastes do Sr. Manuel de Barros
onde o silêncio o passarinho
a praça e o humilde caminho
possam entrar em comunhão.
Desse jeito, eu poderei me alistar
no Exército que Deus tanto admira
onde, não importa os sofrimentos,
o riso é capaz de diminuir ferimentos.
Uma pessoa que estiver triste
daquele tipo o de não ter jeito
poderá nos chamar para resolver as coisas.
É por isso que eu quero ser uma pessoa bem risonha.
Vai ver não sobra tempo para pensar bobagens.
Vai ver não sobra espaço para nenhuma vergonha.