O Morto
Numa sombria estrada,
Um grito rompe a madrugada,
Em uma choça numa encruzilhada,
Vê-se o corpo de um homem.
De bruços à traição,
Camisa branca de algodão,
Trás no rosto uma cicatriz,
Que o tempo deixou até de mão.
Morreu um homem será justo ou não,
A vida pagou o seu imposto à custo,
A morte através de punhaladas sem juros,
E a chorar num canto uma menina.
Que roubou-lhe o pai deixando-a perdida,
O corpo deitado aos micróbios,
Ia se esquecer no acaso,
Das mágoas da vida e do ódio.
E partiu como entorpecido de dor,
Em uma noite fria de dissabor,
Agora nada mais era,
Já estava morto era só um corpo.