NOVA IDEIA
Como prender o pensamento
se nenhuma matéria há
que se lhe possa segurar?
Dele vem a ideia. Pulsante
como uma corrente elétrica,
nos atinge num instante.
Invade o cérebro inteiro.
Faz nossa mente acender
qual ardente braseiro.
Após chegar mobiliza neurônios,
sorrateira, captura hormônios.
Incrusta-se no pensamento e fica.
Começa o drama na imaginação
querendo dar forma ao abstrato,
recôndita tal obscura constelação.
Impelida a sair em real forma
sofre no pensamento e gira
presa em agorafóbica norma.
Mas vence. Posto que seja ágil,
liberta-se. Vem a furo, se delineia
mas estanca e se apresenta frágil.
Para existir carece de logotecnia.
Contrapõe-se à debilidade da língua
que não segue a destreza da fantasia.
Ainda assim vai. Ganha corpo.
Fisga algum tímpano tal garateia
e, se transforma numa nova ideia...