Luxúria da Casinha Branca

É possível que,

antes e depois dos finalmentes,

dos inefáveis gozos dos corpos ardentes,

antes da fúria

arrepiante da luxúria,

seja a alcova depurada do niilismo

do puro instinto e os corpos estejam agasalhados

pelo lençol do Romantismo?

É possível que,

em corpos suados, de desejos saciados,

persista ainda a vontade de declarar,

em carícias suaves e palavras emocionadas,

no meio de uma doce languidez,

e como se fosse sempre a prImeira vez,

a frase antiga, mas sempre viva chama

que renova os corações: “Eu te amo.” ?

Os tempos são outros, mas as emoções

insistem em não rotular os amores

de sensuais troféus ...

E lá vamos nós, na avenida dos nossos corações,

construindo, ao lado de imponentes arranha-céus

e suntuosos apart-hotéis,

as nossas casinhas brancas, - tão brancas e tão belas -

com flores nas janelas...

Construo uma, neste finzinho de tarde...

E sigo ao encontro da minha amada,

guiado pelos seus olhos crescidos de saudade...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 04/08/2015
Reeditado em 04/08/2015
Código do texto: T5334727
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