Luxúria da Casinha Branca
É possível que,
antes e depois dos finalmentes,
dos inefáveis gozos dos corpos ardentes,
antes da fúria
arrepiante da luxúria,
seja a alcova depurada do niilismo
do puro instinto e os corpos estejam agasalhados
pelo lençol do Romantismo?
É possível que,
em corpos suados, de desejos saciados,
persista ainda a vontade de declarar,
em carícias suaves e palavras emocionadas,
no meio de uma doce languidez,
e como se fosse sempre a prImeira vez,
a frase antiga, mas sempre viva chama
que renova os corações: “Eu te amo.” ?
Os tempos são outros, mas as emoções
insistem em não rotular os amores
de sensuais troféus ...
E lá vamos nós, na avenida dos nossos corações,
construindo, ao lado de imponentes arranha-céus
e suntuosos apart-hotéis,
as nossas casinhas brancas, - tão brancas e tão belas -
com flores nas janelas...
Construo uma, neste finzinho de tarde...
E sigo ao encontro da minha amada,
guiado pelos seus olhos crescidos de saudade...