CORTANTE


Do não dizer, engasgam-me poesias entaladas
que ao fundo de uma alma
afogam-se, em sentenças.
Que não se cumpram todas- se é hora de partir
e deixar que rompam-se por si essas algemas,
ao estalar de portas que se abrem.
Apenas molhem-se -
em águas mornas que rolam pelo rosto.

Das mãos, em lâminas luzentes, cortam-me palavras 
que, não ditas, não escritas, 
quem sabe, em vômitos, desfaçam-se.

“E o Destino?”
me dizes.
“E rimas mudas?
O que, com ele, fazem?”

“Nada” - te digo.
“Nada fazem.
Mas tem cuidado com esses rasgos –
Pois, eis que o Tempo é longo
mas, a Vida, é curta.
Portanto, para – e escuta”.




Republicação
Miriam Dutra
Enviado por Miriam Dutra em 03/08/2015
Código do texto: T5333920
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