"REBELDIA" Poema de Flávio Cavalcante
REBELDIA
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Era tempo de despertar algo em mim
Precisava de um sofrer para impulsionar
Depois de todo começo fui direto pro fim
Cuspindo asneiras sem nem imaginar
De dar um basta no belo verbo amar
O amargo do fel com olor de carmim
II
Ver flores e jardins não tinha significado
Caiu por terra bruta toda uma estrutura
Na fé de tudo que foi sacrificado
Há chagas abertas precisando de cura
Depois de parábolas tiradas da escritura
Espero agora ser limpo e santificado
III
Na minha inocência mergulhei no inferno
De cabeça pus óculos pra humildade
Embarquei num frio intenso de inverno
Abalando e humilhando sem fragilidade
Campo que buscava uma adversidade
Carregando na mala, o pó do amor eterno
IV
Para caminhar e desfrutar na eternidade
Depois do berçário que um dia deitei
Talvez eu volte em outra oportunidade
Varrendo o resquício que aqui deixei
Eu possa semear o que eu nunca plantei
Recomeçar com toda garra e honestidade
V
Do contrário só me resta agradecer
Pela oportunidade de poder reparar
As falhas que me fizeram padecer
Me travaram sem sequer poder falar
Esplêndido é o berço que vou me deitar
Curtindo a dor que não se pode gemer
VI
Minha vida nas mãos da rebeldia
Minha agonia aos pés da aprendizagem
Voltar pra escola onde passei um dia
E recolher tudo para uma reciclagem
Oportuno de preparar a minha viagem
Nas asas do anjo; meu afeto e me guia