Aos poemas perdidos

Na memória do que esqueci

e que o tempo arrumou

há poemas por quem vivi

e a loucura quase matou

Esquecidos ou guardados

nos sentidos da paisagem

os poemas abandonados

são apenas dúbia miragem

Um há que vive na saudade

do que ainda não aconteceu

o que mora nessa verdade

que o passado não prometeu

E se esse tempo é agora

não deixei nunca de ser

o mesmo pela vida fora

a ganhar mesmo a perder

Se o poema assim quiser

hei-de deixá-lo andar, correr

hei-de ser o que a vida me der

não deixarei nunca d'escrever

Por ti vivo em ti me sinto

minha droga meu absinto.