Escreve

Escreve, simplesmente escreve

Se lembre de tudo, e jogue tudo pra fora

Vá embora daí

Caia pra dentro de si

Não mais retorne ao enfadonho agora

Seja o que sabes que és!

E nunca longe disso,

E ao invés de existir

Persistir, em querer ser

Escreve dentro de ti, escreve!

Marca com tinta preta

Vomita depois essa caneta

E passa a ler eternamente

O que rabiscou, e foi diferente

Só o que disso ficou

Já serve como semente

Do livro, que rabiscam constantemente

Com cores e desenhos sem sentido

Hipnotizantes, desconfigurante

Escrevem em ti constantemente

No livro, que qualquer dia a frente

Irá se fechar com tudo guardado

E entregue, recado por recado

A gaveta se desgasta, se decompõe

E nos rabiscos deixados

Esses serão oportunos recados

Dos leitores, de prazeres e dores

Dos bons, dos maus; amantes e amados