A negação do poema

Quisera que o poema viesse

e ele não veio.

Mas eu o percebo em mim,

escondido e mudo,

à espera de que algo

o coloque a nu.

Não o culpo

pela sua postura contemplativa,

pela sua quase fuga;

não o forço a nada,

a porta está aberta

e ele sabe disso.

Também não carrego culpa

por não ter sabido arrancá-lo de minhas entranhas,

por não libertá-lo.

Portas eu abro sempre,

entra e sai quem quer e quando quiser,

inclusive o poema

que permanece recluso.

No entanto, eu o sinto cá no peito,

em movimentos rítmicos

de lá pra cá e de cá pra lá.

O poema

pulsa

dentro de mim.

(27.03.2003)

Genésio dos Santos
Enviado por Genésio dos Santos em 01/08/2015
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