O NEGRO INOCÊNCIO

A festa do selo mortal

deverá ser acendida

sob o tumulo de pedra cinza

de pouca importância

na esteira da rua

que se perde em flores

que nunca morrem

odor do mesmo sabor

que teu rosto invoca

levo minhas unhas negras

as vespas irão adorar

elas comiam cegos

pedindo luzes

no altar

no altar vou ficar

quase nua

da cintura pra baixo

terás que odiar

meu claustro couro rasgado

dos lados

poucas oferendas

nas fendas terás

que visitar

tua liga de vampiros

subida de aspiro

suspiro lá em cima

clima de menina

na primeira

mordida de lábios

trinta doses de vermute

o absinto espera

no copo de sopro

dos beijos colados

que vamos dar

subiremos nas difamações

declamações de Rimbaud

onde vamos dar

morremos de amor

no calor que ferve

em cima do que pede

silêncio

os termos de aviso

na entrada

prendem o perigo

dentro de nós

sairemos gritando

em silêncio...