FICA NO OLHAR
Quando a noite chega, enfim, o pânico
de um dia a menos vivido,
revela a face sem pintura
daquele que escolheu a realidade dura
do cotidiano sem mestre ou brilho,
pois atrás da cortina ordinária
as sombras do abajur mais depravárias
desenham teatros de bonecos maltrapilhos
saídos da saudade do que nunca se foi,
e nos discos antigos
aparece nas capas rabiscadas
de histórias-escondidas,
porque o fracasso, baby, desparece
embaixo do tapete, mas fica no olhar