SOB DE VIDE
SOB DE VIDE
O que tempera
escalda vestida de calor
subiu pelo ventre
de Eva
tocou as coisas
do centro nervoso das
selvas
e o covarde mentiu
que nunca viu
mentiu que partiu
nas noites suadas sozinho
p’ra ter com elas
foi beber o trago martírio
das entregas
amanheceu sorrindo
nas macegas
o desejo noturno
o anseio possuído de idólatra
de si mesmo
caiu vestido de nada
O pêndulo imóvel
móvel sonhando acordado
na vista do azul
pintado
observa o vazio
que nada teme
leme que abraça
por estúpido que fica
encharcado de sal
o mal ventríloquo
no vento se perde
vozes da mesma sede
que tens de algum lugar
quer o profundo
no mundo a espera
quer a terra por mar
As letras vibram correntes
carentes de chegada
dos lábios dela
atravessam o puro
no escuro
vingando no corpo
um sopro de alívio
do que vivo brota
das “notas quebradas”
invioladas
as canções do imaginário
o cenário preciso
no vidro da janela
embaçado
comemora prisões
vendo ilusões
que trafegam folhas
caídas
mentiras saídas
nenhuma vítima
a menina soltava balões
corações voando
livre sozinhos
são livres no inverte
que nada perverte
por não terem mãos.
Prelúdio deságua
a mágoa corrompe o vestígio
o inicio tinha orações
e beijos ardentes
tudo queria ter ido
querendo voltar
querido salutar
o órgão toca sombrio
no assovio das palavras
o órgão que tocas invocado
invoca santos
nos prantos percalços
do caminho
querendo gozar
o castiçal castidade acesa
queima de noite
no agouro fingido
do uniforme formal
qual moral não é tinta
rabiscada na parede
quando a sede
tinha lagoas inteiras
p’ra desaguar.