Ritual - 03 - (gótica)

Morreu insano e louco nosso amigo Bastião

Amigos consternados contemplam a carcaça.

Sobre o cavalete que range e a mesa em falso.

Reparada por escoras com madeira e pregos

O carro fúnebre do cortejo estacionado aguarda

O desfecho de rituais que os oradores ensaiam

Cadernetas de santas rezas e orações desfolhadas

Vozes altas encomendam o corpo do desvairado

O padre da paróquia do pequeno arrabalde chega

Para finalizar o velório com a sua extrema oração

Assim foi velado o finado e demente Sebastião.

Velas e luzes anêmicas dos castiçais apagam-se.

As horas de angústias desviam-se em sequências

O sino ecoa no campo santo fazendo anunciada

A patriarca em prantos copiosos plantei-a a perda

Na lousa negra e lapidada. “Descanse em Paz Tião”.