Envelhecendo
No espelho do corredor
vi refletida minha face
Eu não tinha esse ar cansado:
carregando o mundo nos ombros
Eu não tinha esse olhar triste
como quem parte para morte!
Meus lábios estão frios, secos
nunca mais beijar beijos de escadas rolantes...
Não dei conta do tempo:
O sopro de vida: pênduculo
que às vezes o vento balança,
reflete a alma no espelho
meu rosto anjo
olhar colorido, na moldura
da boca o cheiro de vida
carregado de aromas do seus beijos
Dei conta que o tempo
não existe para a alma
Dei conta do meu pensar:
envelhecer não é estar apagado...
É tudo de que preciso:
a impossibilidade
de uma travessia ousada,
uma escolha de última hora
para a vida toda: a velhice ao seu lado...
Mãos dadas e cadeiras na varanda.