VENTO-PRECE
Escrever é vento-prece, é voz pontiaguda,
faz estirar os ossos da alma sem dó.
Escrever não é coisa para mendigar pão,
ou pedir colo quando tudo ruir, ou fugir.
Escrever vira o tempo do avesso e
faz os dores rodopiarem feito baratas-tontas.
Quem escreve não faz isso por descaso
ou sonho de festim, não faz não.
Domar as palavras deixa o mundo nutrido
como sempre mereceu.
Saber o que cada letra sente, pensa, trapaceia,
submerge, trai, invoca e disseca deixa a gente
mais pasto, mais varanda, mais vivo..
Enquanto tiver as rédeas para domar meus textos
atadas à minha emoção, poderão vir dilúvios,
motins, pragas, cuspes atônitos e tudo mais
que não se atracarão em mim.
Nem que a vaca tussa.
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